PSB E PSOL ACIONAM CONSELHO DE ÉTICA E PEDEM QUE ZAMBELLI PERCA O MANDATO.
PSOL alegou afirmação de Delgatti sobre o fato da deputada ser
intermediária para encontro com Bolsonaro.
O PSB e o PSOL formalizaram denúncias no Conselho
de Ética da Câmara dos Deputados, buscando a destituição da deputada Carla Zambelli (PL-SP) de seu cargo, em
decorrência das acusações feitas pelo hacker Walter Delgatti Neto. As
representações foram encaminhadas à Mesa da Câmara, que precisa
encaminhar os casos ao Conselho de Ética. Posteriormente, um processo
de tramitação se segue no comitê, incluindo a seleção de um relator, coleta de
depoimentos e oportunidade para a defesa.
O PSOL apresentou sua denúncia na sexta-feira (18). No
pedido, o partido argumenta que durante seu depoimento à CPI dos Atos Golpistas, o hacker Delgatti afirmou
que a deputada atuou como intermediária para um encontro entre ele e o
ex-presidente Jair Bolsonaro. A alegação era de que Bolsonaro teria
indagado sobre a possibilidade de invadir urnas eletrônicas.
A denúncia do PSOL também alega a existência de "ampla
evidência do uso de recursos públicos para financiar atividades ilícitas e
golpistas". Um contrato do gabinete de Zambelli levanta suspeitas de que a
contratação de Delgatti para invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça
tenha sido financiada por meio da cota parlamentar.
O PSOL solicita não somente a remoção de Zambelli de seu
cargo, mas também que o Conselho de Ética colha depoimentos da parlamentar, do
próprio Delgatti, do ex-presidente Jair Bolsonaro e do líder do PL, Valdemar da Costa Neto.
Protocolada no sábado, 12, antes do depoimento de
Delgatti à CPI, a denúncia do PSB se concentra na suposta contratação do hacker
para testar a vulnerabilidade das urnas eletrônicas. De acordo com o partido,
Zambelli "tirou vantagem de sua posição como deputada federal e utilizou
os recursos da Câmara dos Deputados, incluindo verbas orçamentárias, para
apoiar atividades ilegais com o objetivo de semear dúvidas na mente do povo,
que é detentor da soberania popular, sobre a legitimidade da representação
parlamentar e, consequentemente, sobre a democracia em si".
Na semana anterior, um acordo envolvendo membros de
diferentes partidos levou ao arquivamento de um processo no Conselho de Ética
que também poderia levar à destituição de Zambelli. Vale notar que essas
acusações não têm relação com o caso em que Zambelli foi acusada de quebra de
decoro por insultar o deputado Duarte Júnior (PSB-MA) durante uma reunião da
Comissão de Segurança Pública, destinada a ouvir o ministro da Justiça, Flávio
Dino.
Conhecido como o "hacker de Araraquara" por ter
obtido acesso a mensagens de autoridades ligadas à Operação Lava Jato, Delgatti
foi novamente investigado pela Polícia Federal em janeiro deste ano, desta
vez por invadir os sistemas do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ) para inserir um falso mandado de prisão
contra o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE).
No documento forjado, estava a expressão "faz o L"
- um slogan da mais recente campanha eleitoral do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT). Delgatti afirmou, na ocasião, que o falso documento foi
redigido pela própria deputada Carla Zambelli.
No depoimento à Polícia Federal, o hacker falou que encontrou
Zambelli em setembro de 2022, antes das eleições, em um posto de gasolina, e na
ocasião ela pediu a invasão da urna eletrônica ou de qualquer sistema do
sistema judiciário brasileiro. Segundo ele, ela buscava demonstrar a
fragilidade dos sistemas.
Ele disse ainda que tentou invadir a urna, mas o código-fonte
não estava conectado a um computador em rede, impossibilitando seu acesso e ao
responder a deputada disse não ter obtido êxito e, então, ela pediu a invasão
do celular e e-mail do ministro Alexandre de Moraes, buscando conversas
comprometedoras. Ele alegou já ter acessado o e-mail de Moraes em 2019, no
entanto, não encontrou nada relevante.
O hacker também disse que teve sucesso ao acessar o sistema
do CNJ e foi sua ideia emitir um mandado de prisão falso em nome de Moraes,
como se ele mesmo o tivesse emitido. Ele afirmou que, ao compartilhar isso com
Zambelli, ela enviou um texto para ser publicado, porém com problemas de
redação. Depois de fazer as correções, emitiu o mandado com o bloqueio de bens
correspondente à multa aplicada ao PL.
Delgatti também contou que foi levado por Zambelli para
um encontro com Bolsonaro no Palácio da Alvorada, residência oficial
do presidente, em agosto de 2022 e revelou ter recebido R$ 40 mil da deputada.
MEIO NORTE
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