LAVA JATO PEDE A CONDENAÇÃO DE EDUARDO CUNHA POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Procuradoria protocolou ação civil na Justiça pedindo a perda
dos direitos políticos do deputado afastado e ressarcimento de US$ 10 milhões
que seriam fruto do esquema na PetrobrasA força-tarefa do Ministério Público
Federal que atua na Operação Lava Jato em Curitiba protocolou nesta
segunda-feira (13), na Justiça Federal do Paraná, uma ação civil pública por
ato de improbidade administrativa contra o presidente afastado da Câmara,
deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O peemedebista já é apontado como beneficiário
direto do esquema de corrupção instalado na diretoria Internacional da
Petrobras, na cota do PMDB no esquema.
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Embora Cunha ainda tenha mandato no Congresso e, com isso, a prerrogativa de
ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal, como se trata de ação civil (que não
leva à prisão, mas a punições como multa e perda de direitos políticos), ela
pode tramitar em primeira instância independentemente do foro do réu. Também
são alvos da ação a mulher do deputado, Cláudia Cordeiro Cruz, o ex-diretor da
Petrobras Jorge Luiz Zelada, o acusado de ser operador do PMDB no esquema, João
Augusto Rezende Henriques, e Idalécio Oliveira, empresário português
proprietário da CBH (Companie Beninoise des Hydrocarbures Sarl).
A ação proposta envolve o mesmo episódio da denúncia contra a mulher de Cunha,
que é a compra pela Diretoria Internacional da Petrobras de 50% dos direitos de
exploração petrolífera sobre o bloco 4 localizado em Benin, na África, em 2011.
Para que o negócio, de aproximadamente US$ 34,5 milhões, fosse concluído, foi
acertado, segundo a Procuradoria da República, o pagamento de propina na ordem
de US$ 10 milhões (cerca de R$ 35 milhões) e desse total, US$ 1,5 milhão foi
destinado diretamente para Cunha
De acordo com a investigação, a propina foi recebida no exterior em contas
titularizadas por trustes e em nome de offshore controladas pelo parlamentar. A
negociação, além de ter sido danosa ao patrimônio da estatal, foi concluída com
o intuito principal de distribuir vantagens indevidas aos demais integrantes do
esquema criminoso.
O MPF também apontou fortes indícios de enriquecimento ilícito do parlamentar
que foi evidenciado pela movimentação de valores expressivos nas contas Orion
SP, Triumph SP e Netherton, mantidas pelo político no exterior e descobertas
pelos investigadores da Suíça, mas que não foram declaradas às autoridades
brasileiras.
"Era tamanha a intenção de Cunha em ocultar a titularidade das contas
mantidas na Suíça que, em formulário próprio, solicitou o encaminhamento de
correspondência da instituição financeira para endereço nos Estados Unidos, sob
alegação de que o serviço postal em seu país de origem 'não seria
confiável'", destacam os procuradores na ação.
Pelas irregularidades cometidas, a força-tarefa pede na ação a reparação do dano no valor de US$ 10 milhões, a perda dos bens acrescidos ilicitamente ao patrimônio dos demandados, o pagamento de multa civil de três vezes o valor da atividade ilegal, a indisponibilidade de bens dos envolvidos no esquema de corrupção, além de pagamento de danos morais coletivos fixados em patamares suficientes para desestimular a continuidade das práticas ilícitas.
Especificamente em relação a Cunha, além das sanções acima indicadas, os procuradores pedem a suspensão de seus direitos políticos por 10 anos, a perda do enriquecimento ilícito de US$ 5,7 milhões (R$ 20 milhões) relativos à movimentação das contas não declaradas e a proibição de contratar com o poder público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 10 anos.
A força-tarefa também solicitou, além dos requerimentos já referidos, a perda do enriquecimento de Cláudia Cruz de ao menos US$ 1,2 milhão (R$ 4,4 milhões) relativo à movimentação na conta Köpek, aberta em seu nome, e que recebeu valores transferidos das contas de titularidade de Cunha.
As apurações da Lava Jato apontaram que os valores mantidos nas contas Orion SP, Triumph, Netherton SP e Köpek jamais foram declarados às autoridades brasileiras competentes, e que os referidos gastos reveleram-se absolutamente incompatíveis com os rendimentos lícitos declarados pelo parlamentar e sua companheira Cláudia Cruz no Brasil.
Desta forma, segue a Procuradoria, as investigações deixaram claro que o deputado Eduardo Cunha se valeu de seu mandato eletivo para sustentar o esquema de corrupção e obter vantagens ilícitas, desvirtuando a finalidade da função parlamentar para atender a interesses espúrios particulares, comprometendo a imagem da Câmara dos Deputados, além de ter promovido expediente de lavagem de dinheiro no exterior, omitido a existência desse patrimônio e apresentado evolução patrimonial não justificada.
Fonte: IG
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