RELATOR DA LAVA JATO, TEORI ZAVASCKI MORRE EM QUEDA DE AVIÃO EM PARATY
O ministro
do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki morreu nesta quinta-feira
(19), aos 68 anos, em um acidente aéreo. Ele já era viúvo e deixa três filhos.
Membro do STF desde 2012, Teori foi o ministro responsável pelas investigações
da Operação Lava Jato na Corte, tratando dos processos dos investigados com
foro privilegiado. A morte de Teori foi confirmada pelo filho do magistrado
Francisco Zavascki, em uma rede social.
Teori foi
nomeado para o Supremo pela então presidenta Dilma Rousseff para ocupar a vaga
de Cezar Peluso, que se aposentou após atingir a idade limite para o cargo, de
70 anos. Ontem, ele tinha interrompido o recesso para determinar as primeiras
diligências nas petições que tratam da homologação dos acordos de delação de
executivos da empreiteira Odebrecht na Operação Lava Jato.
Teori
Zavascki nasceu em 1948 na cidade de Faxinal dos Guedes (SC), e é descendente
de poloneses e italianos. Aprovado em concurso de juiz federal para o Tribunal
Regional Federal da 4ª Região (TRF4) em 1979, ele foi nomeado, mas não tomou
posse. Advogado do Banco Central de 1976 até 1989, chegou à magistratura quando
foi indicado para a vaga destinada à advocacia no TRF4, onde trabalhou entre
2001 e 2003. De 2003 a 2012, Zavascki foi ministro do Superior Tribunal de
Justiça (STJ).
Respeitado
nas áreas administrativa e tributária, Zavascki também era considerado
minucioso em questões processuais. “Espero que todos os bons momentos apaguem
minha fama de apontador ou cobrador das pequenas coisas”, brincou, ao se
despedir da Primeira Turma do STJ, antes de ir para o STF. O ministro declarou
em diversas ocasiões ser favorável ao ativismo do Judiciário quando o
Legislativo deixa lacunas.
Atuação na
Lava Jato
Ao longo de
sua atuação como relator da Lava jato no STF, Zavascki classificou como
"lamentável" os vazamentos de termos das delações de executivos da
Odebrecht antes do envio ao Supremo pela Procuradoria Geral da República (PGR).
Entre suas
decisões relativas à operação estão a determinação do arquivamento de um
inquérito contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) , a
transferência da investigação contra o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para
Sérgio Moro e a anulação da gravação de uma conversa telefônica entre Lula e a
ex-presidenta Dilma Rousseff. Além disso, Teori negou um pedido do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que investigações contra ele, que
estão nas mãos do juiz Sérgio Moro, fossem suspensas e remetidas ao Supremo.
Sobre as
críticas recorrentes de demora da Corte em analisar processos penais, Teori
disse que "seu trabalho estava em dia". No fim do ano passado,
Zavascki disse que trabalharia durante o recesso da Corte para analisar os 77
depoimentos de delação premiada de executivos da empreiteira Odebrecht que
chegaram em dezembro ao tribunal.
Durante seu
trabalho na Lava Jato, chegou a criticar a imprensa. Ele disse que decisões sem
o glamour da Lava Jato, operação na qual ele foi relator dos processos na
Corte, muitas vezes mereceram pouca atenção da mídia. Ele também relativizou os
benefícios do foro privilegiado, norma pela qual políticos e agentes públicos
só podem ser julgados por determina Corte.
"A
vantagem de ser julgado pelo Supremo é relativa. Ser julgado pelo Supremo
significa ser julgado por instância única", afirmou o ministro,
acrescentando que processos em primeira instância permitem recursos à segunda
instância e ao STJ, além do próprio Supremo. "Não acho que essa prerrogativa
tenha todos esses benefícios ou malefícios que dizem ter", comentou
Zavascki.
Certa vez,
ao participar de uma palestra na Associação dos Advogados de São Paulo (AASP)
ele disse que achava “lamentável” que as pessoas que obedecem as leis são,
algumas vezes, taxadas pejorativamente no Brasil. "Em muitos casos, as
pessoas têm vergonha em aplicar a lei. Acho isso uma coisa um pouco lamentável,
para não dizer muito lamentável", afirmou o ministro.
O acidente
Um avião
caiu na tarde de quinta-feira (19) no mar de Paraty, na Costa Verde do Rio de
Janeiro. Segundo o Corpo de Bombeiros, o acidente foi próximo à Ilha Rasa. O
avião saiu de São Paulo (SP) e caiu a 2 km de distância da cabeceira da pista.
De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), outras três pessoas estavam a
bordo. Na hora do acidente, chovia forte em Paraty e a região estava em estágio
de atenção.
Fonte: Agência Brasil
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