DE QUEBRADEIRA DE CÔCO A GOVERNADORA.
Filha de trabalhador rural, quebradeira-de-coco, professora de Francês,
liderança sindical, bancária, secretária estadual, senadora e governadora! Um
perfil rápido mostra a trajetória da piauiense Maria Regina Sousa (PT),
68 anos de idade, que assumiu interinamente o cargo de chefe do Executivo
estadual, em razão de uma viagem internacional do governador Wellington Dias
(PT). A transmissão do cargo aconteceu na manhã desta quarta-feira, 17 .
Regina estará no exercício do cargo em meio à disputa pela presidência da
Assembleia Legislativa por dois grupos aliados, à reforma administrativa com
promessa de cortes significativos e do não anúncio de novos nomes para a gestão
de Dias, em seu 4º mandato. Antes de Regina, a advogada e deputada federal
eleita Margarete Coelho ocupava o posto de vice-governadora. A escolha de
Regina levou Dias a enfrentar a oposição mesmo na base de apoio da sua campanha
e o preconceito de parte da população.
"Não me cobrem elegância, me cobrem conteúdo", declarou a então
senadora, em resposta às postagens preconceituosas que viralizaram nas redes
sociais, após a escolha dela como candidata a vice. Não foi a primeira
vez! Durante o exercício do mandato no Senado, a parlamentar foi atacada pelo
"humorista" Danilo Gentili, que, em um tuíte, chamou-a de "tia
do café". Depois dele, ela também foi atacada pela blogueira e deputada
federal Joice Hasselman (PSL).
Como presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, Regina virou
alvo dos haters em todo o país. Além das bandeiras defendidas pela parlamentar
serem "demonizadas" no país que avançava rumo ao conservadorismo, ela
era ainda mais atacada por manter-se simples. Pouca maquiagem, roupas sem
grife, sapatilhas baixas, cabelo cacheado rompiam o estereótipo estabelecido no
Congresso Nacional. Mas o fato de ser nordestina e piauiense também
influenciam. E prefere a naturalidade. Aos que a consideram uma mulher
inflexível e pouca avessa ao diálogo, ela costuma afirmar que não teve uma
infância com muitos motivos para sorrir.
Aos 10 anos já sabia plantar e colher feijão, milho e fava. Foi
quebradeira de coco e vivenciou o drama de exercer essa atividade numa terra
que não pertencia à família. Conheceu a expressão reforma agrária com
tio militante das Ligas Camponesas, através do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de União. Era o início da formação sindical de Regina que,
anos mais tarde, ajudou a fundar a Central Única dos Trabalhadores no Piauí, da
qual j já foi presidente nacional, e militante sindical desde 1978. Paralela à
sua atuação política, graduou-se em Letras com habilitação em Língua Portuguesa
e Língua Francesa pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Em 1983 foi
contratada pelo Banco do Brasil e seguiu na atividade sindical, quando conheceu
o companheiro de chapa, Wellington Dias .
Presidiu o Partido dos Trabalhadores por seis vezes, coordenou as
campanhas de Dias e foi secretária de Administração em dois
mandatos. Quando Dias deixou o Senado para disputar novamente o governo do
Piauí, em 2010, ela era suplente. Assumiu o cargo e no Senado, promoveu
audiências públicas sobre direitos trabalhistas, terras indígenas e
quilombolas, violência contra a mulher e a população LGBT, Previdência Social,
combate ao racismo entre outros. É autora de vários projetos tramitando no
Senado, dentre eles o que garante mais proteção social a crianças com pai ou
mãe encarcerados, permite acervo de livros paradidáticos e de literatura
infantil em salas de aula da educação infantil e dos cinco primeiros anos do
ensino fundamental e o que garante transporte para mães e filhos recém-nascidos
entre o local do parto e a residência, e da residência ao serviço de saúde para
complementação de exames.
Defende o empoderamento das mulheres como fundamental para a mudança política
no país.
Nenhum comentário