BOLSONARO QUESTIONA AJUDA INTERNACIONAL A AMAZÔNIA: 'O QUE ELES QUEREM LÁ?'
No último dia do
G7, na França, Macron anunciou ajuda de 20 milhões de euros.
BRASÍLIA — O presidente JairBolsonaro questionou
nesta segunda-feira as intenções que estariam por trás das anunciadas ajudas
internacionais para combater incêndios na Amazônia ,
após o presidente da França,Emmanuel
Macron , anunciar que os países do G7 darão
ao menos 20 milhões de euros para combater as queimadas.
— Macron promete
ajuda de países ricos à Amazônia. Será que alguém ajuda alguém, a não ser uma
pessoa pobre, né, sem retorno? Quem é que está de olho na Amazônia? O que eles
querem lá? —, disse Bolsonaro em pronunciamento a jornalistas ao deixar o
Palácio da Alvorada, recusando-se a responder questionamentos dos repórteres.
Em uma fala recheada de ataques à
imprensa, a qual acusou várias vezes de mentir, Bolsonaro também disse que
prefere fazer quatro anos de um bom governo do que oito anos de um governo
ruim. Ele também negou se preocupar com reeleição, apesar de repetidos
pronunciamentos públicos que fez recentemente, nos quais afirmou que pretende
entregar um país melhor em 2022, ou em 2026, ao seu sucessor.
— Não estou preocupado com
reeleição. O dia em que eu me preocupar com reeleição, me transformo num cara
igual aos outros que me antecederam—, afirmou.
Depois, em sua conta no Twitter,
Bolsonaro afirmou que não vai aceitar que Macron faça "ataques
descabidos e gratuitos à Amazônia" e acusou ele de tratar o Brasil como
uma "colônia ou uma terra de ninguém". Ele também disse que outros chefes
de Estado se solidarizaram com o Brasil e que "soberania de qualquer país
é o mínimo que se pode esperar num mundo civilizado"."Não podemos aceitar que um
presidente, Macron, dispare ataques descabidos e gratuitos à Amazônia, nem que
disfarce suas intenções atrás da ideia de uma 'aliança' dos países do G-7 para
'salvar' a Amazônia, como se fôssemos uma colônia ou uma terra de
ninguém. Outros chefes de estado se solidarizaram com o Brasil, afinal
respeito à soberania de qualquer país é o mínimo que se pode esperar num mundo
civilizado", escreveu o presidente.
Governo não quer ajuda vinculada a monitoramento
Antes mesmo de saber o teor do
comunicado do G7, o governo brasileiro estava decidido a não aceitar qualquer
tipo de ajuda que fosse vinculada a mecanismos de monitoramento.
Segundo uma fonte, o presidente Jair
Bolsonaro e seus principais auxiliares passaram o fim de semana trabalhando com
seus países aliados, como EUA, para que o texto final do G7 não contivesse
discussões conceituais e declarações políticas ou com linguagem "vaga e
imprecisa", tais como a definição de "pulmão do mundo" para a
Amazônia.
A expectativa em Brasília é que Jair
Bolsonaro converse ainda nesta segunda-feira com a chanceler alemã, Angela Merkel .
Será uma forma de quebrar o gelo, uma vez que as relações entre Merkel e o
presidente do Brasil estão estremecidas há semanas, em função de questões
ambientais.
Recentemente, ao saber que a
Alemanha havia suspendido a ajuda aoFundo
Amazônia , Bolsonaro sugeriu que a chanceler usasse o dinheiro
para reflorestar seu próprio país.
Outro telefonema aguardado para esta
segunda-feira é do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ele já havia
conversado com Bolsonaro na última sexta-feira e se oferecido para defender o
Brasil no G7. Segundo fontes, o Brasil também contou com o apoio de Itália,
Japão e Reino Unido. Espanha e Chile, que participaram como convidados, também
ajudaram na estratégia do governo brasileiro.
Envio de aviões e reflorestamento
Nesta segunda, último dia do encontro
do G7 ,
em Biarritz, na França, Emmanuel Macron anunciou um acordo de 20 milhões de
euros (pouco mais de R$ 90 milhões) para uma ajuda emergencial contra as
queimadas na Amazônia .
Entre outros pontos, a ajuda virá no
envio de aviões da Canadair para o combate a incêndios na região.
Além da frota aérea, o G7 concordou
com uma assistência de médio prazo para o reflorestamento, a ser apresentado na
Assembleia Geral da ONU no final de setembro, para o qual o Brasil terá que
concordar em trabalhar com ONGs e populações locais.
Essa "iniciativa para a
Amazônia" foi anunciada ao final de uma sessão da cúpula do G7 dedicada ao
meio ambiente, durante a qual foi discutida a situação na Amazônia, que tem
provocado grande preocupação.
Macron tornou a situação na Amazônia
uma das prioridades da cúpula, apelando no sábado para uma "mobilização de
todos as potências" para lutar contra as queimadas e em favor do
reflorestamento.
"Devemos responder ao apelo da
floresta que hoje arde na Amazônia de uma maneira muito concreta",
acrescentou, após desafiar o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.
Segundo os números mais recentes,
79.513 incêndios florestais foram registrados no Brasil desde o início do ano,
com pouco mais da metade na Amazônia.
Sob pressão internacional, o Brasil
finalmente entrou em ação no domingo, enviando dois aviões Hércules C-130.
FONTE - JORNAL O GLOBO
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