GOVERNO FEDERAL LANÇA PROGRAMA SALVE UMA MULHER
Foto: José Cruz/Agência Brasil
O Ministério da Mulher,
da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) lançou hoje (3) o projeto Salve Uma
Mulher, que consistirá em treinar servidores e empregados públicos para dar
suporte a mulheres vítimas de violência. Na primeira etapa do projeto, 476 mil
pessoas receberão treinamento.
Desse total, 340 mil são agentes do Ministério da Saúde, 106 mil
funcionários dos Correios, 30 mil conselheiros tutelares e 1.722 profissionais
do quadro da Defensoria Pública da União. A projeção, porém, é de que, em dez
meses, 2 milhões de pessoas passem pela capacitação, já que a expectativa é que
abranja profissionais de beleza e de academias esportivas e líderes religiosos.
Além da capacitação de funcionários da iniciativa privada através de uma
plataforma EaD (estudo a distância), estão previstas as criações de grupos de
multiplicadores voluntários e grupos de apoio.
Segundo a ministra titular da pasta, Damares Alves, o
ensinamento abrange a identificação de uma situação abusiva, mas não se resume
somente a isso. Ou seja, os instrutores também ensinarão a orientar a buscar
ajuda das autoridades competentes para garantir sua segurança. Desse modo, os
alunos terão condições de informar como se presta uma queixa contra o agressor
e como a mulher agredida pode acessar serviços públicos.
"Se perguntar aqui a vocês, sabem o que dizer a uma mulher
quando percebem que está machucada? Diriam para procurar antes a delegacia, o
promotor, o delegado, o IML [Instituto Médico Legal] ou para ligar para o Ligue
180 [Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência]? As pessoas, às
vezes, não sabem o que dizer. É exatamente para isso que vem o programa:
ensinar as pessoas sobre como funciona a rede de proteção, para que divulguem e
orientem mulheres vítimas de violência", disse Damares Alves.
Segundo a ministra, os instrutores do projeto, ao repassar as
informações, também levarão em conta as especificidades de cada local. "A
rede é a mesma, mas tem lugar em que não tem delegacia [especializada no
atendimento] da mulher. Tem lugar que não tem a Defensoria Pública. Então, o
treinamento vai ser dado obedecendo a especificidade de cada cidade ou
região".
Uma questão social
Também presente no evento de lançamento, a atriz e modelo Luiza Brunet argumentou que a mobilização de combate à violência de gênero deve partir de todos. "É muito importante que a vítima faça a denúncia contra seu agressor", disse a artista, que sofreu agressões em 2016. "A violência contra mulher deixou de ser um problema de foro íntimo e passou a ser de toda a sociedade."
Também presente no evento de lançamento, a atriz e modelo Luiza Brunet argumentou que a mobilização de combate à violência de gênero deve partir de todos. "É muito importante que a vítima faça a denúncia contra seu agressor", disse a artista, que sofreu agressões em 2016. "A violência contra mulher deixou de ser um problema de foro íntimo e passou a ser de toda a sociedade."
A ministra elogiou a coragem da atriz, de tornar pública a sua
experiência, para que pudesse mostrar que a violência de gênero vitima mulheres
de todos os perfis socioeconômicos e étnico-raciais. "Ou vocês acham que
mulheres lindas, da alta sociedade, não apanham?", disse Damares.
Conforme mostra o Atlas da Violência deste ano, a taxa de
homicídio de mulheres cresceu acima da média nacional em 2017. Feito pelo
Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de
Segurança Pública, o levantamento indica que a taxa geral de homicídios no país
aumentou 4,2% na comparação com o ano anterior, 2016. A taxa que conta apenas
as mortes de mulheres, por sua vez, cresceu 5,4%.
Os pesquisadores também destacam que, em 28,5% dos homicídios de
mulheres, as mortes foram dentro de casa, o que relacionam a possíveis casos de
feminicídio e violência doméstica. Entre 2012 e 2017, a taxa de homicídios de
mulheres fora da residência caiu 3,3%, enquanto a dos crimes cometidos dentro
das residências aumentou 17,1%. Já entre 2007 e 2017, sobressai-se a taxa de
homicídios de mulheres por arma de fogo dentro das residências, que teve alta
de 29,8%.
De acordo com o 13ª Anuário Brasileiro de Segurança Pública,
registrou-se, no ano passado, o mais alto índice violência sexual desde 2007,
quando se iniciou a avaliação do volume de ocorrências. Ao todo, foram 66 mil
vítimas de estupro, sendo que a maioria delas (53,8%) eram meninas de até 13
anos de idade.
Fonte: Agência Brasil
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