MUNICÍPIO DO PIAUÍ JÁ VOLTOU A SER POVOADO
NO INÍCIO DA
DÉCADA DE 1960, EMANCIPAÇÃO FOI REVOGADA
E CIDADE DO SERTÃO PIAUIENSE VOLTOU A SER POVOADO DE OUTRO MUNICÍPIO.
A cidade de Dom Inocêncio, no sertão piauiense, já teve
emancipação anulada e décadas depois voltou a ser município (Foto: Gustavo
Almeida/PoliticaDinamica.com)
A proposta do Governo Federal de fundir municípios com menos
de 5 mil habitantes e cuja arrecadação própria não chega a 10% tem causado
polêmica e muita discussão em todo o país. No Piauí, quase 80 municípios podem
ser afetados caso a proposta do governo Bolsonaro seja aprovada no Congresso
Nacional, algo que dificilmente deve acontecer.
Mas, município ser rebaixado à
categoria de povoado não seria algo inédito. Isso já aconteceu no Piauí. Em
dezembro de 1962, o então povoado de Curral Novo foi emancipado e virou
município com nome de Dom Inocêncio. No entanto, a emancipação foi revogada
cerca de dois anos depois e o lugarejo voltou a ser povoado do município de São
Raimundo Nonato.
Mais de 20 anos depois, em 7 de
junho de 1988, Curral Novo voltaria a ser emancipado novamente, dando origem de
Dom Inocêncio. Hoje com 31 anos de emancipação, a cidade não será afetada caso
a proposta do Governo Federal seja aprovada. Segundo o IBGE, Dom Inocêncio
possui quase 10 mil habitantes e, portanto, não corre risco de rebaixamento.
Dom Inocêncio fica na região
de São Raimundo (Foto: Gustavo Almeida/PoliticaDinamica)
37 HABITANTES: A MENOR CIDADE DO MUNDO
A emancipação definitiva em 1988
foi capitaneada pelo padre Manuel Lira Parente, o Padre Lira, que desenvolvia
ações sociais na região desde a década de 1960 através da Fundação Ruralista,
entidade filantrópica criada por ele. Em 1988, Lira organizou um mutirão para
construção de casas e prédios públicos no povoado com o intuito de garantir
estrutura urbana para a emancipação. Já em 1962, a realidade foi diferente,
como relatou o padre.
Lira afirmou numa publicação de
2001 que a primeira emancipação aconteceu pouco antes de sua chegada ao povoado
e que a cidade possuía apenas 37 habitantes. Na avaliação do sacerdote,
"era a menor do mundo". A emancipação efêmera foi, inclusive, motivo
para que ele construísse a Fundação Ruralista em outro local distante 10 km
dali, já que o estatuto da entidade elaborado por ele previa que a sede do
projeto tinha que ser na zona rural.
Mutirão construiu casas em
1989. (Foto: Revista Nova Escola / Arquivo Gustavo Almeida)
O religioso, que morreu em 2015, ainda relatou que "era inconcebível a
aberração de uma cidade com 37 habitantes" e por isso o município teve
vida efêmera. No curto período, o prefeito nomeado foi Pedro Macário de Castro,
líder político de São Raimundo Nonato.
DOCUMENTOS DA ÉPOCA
Na
cidade, ainda hoje tem morador com documentos cuja naturalidade consta como de
Dom Inocêncio, sendo que a expedição aconteceu décadas antes da emancipação
definitiva .
FONTE - PORTAL POLÍTICA DINÂMICA
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