CIRO NOGUEIRA -OS ARGUMENTOS DE CIRO PARA ADIAR AS ELEIÇÕES
Por Sávia Barreto - fonte - PORTAL MEIO NORTE
O senador Ciro Nogueira (Progressistas)
assinou artigo defendendo que as eleições fossem unificadas em 2022,
prorrogando os atuais mandatos de prefeitos e vereadores por mais dois anos.
Ele propõe a doação do fundo eleitoral, mais o custo do dia da eleição – somando
o montante de R$ 8 bilhões - para doação à Saúde no país. “Particularmente,
como político, não me agrada ver trincado o calendário eleitoral. Do ponto de
vista abstrato do princípio democrático, não é o ideal. Mas não é hora de
abstrações. É hora de entendermos a gravidade do momento e a excepcionalidade
histórica sem precedentes dessa tragédia humana, econômica e social”,
argumentou Ciro.
Leia abaixo o artigo completo de Ciro
Nogueira publicado no site Poder 360:
"Por Ciro
Nogueira
A democracia é uma
das maiores conquistas do povo brasileiro. Por meio do exercício da soberania
da vontade popular, o país avançou nas últimas 3 décadas e alcançou melhorias
econômicas, sociais e plena liberdade de manifestação de ideias e pensamentos.
Foi justamente por essas conquistas da democracia, é preciso reconhecer, que a
política tradicional sofreu abalos como nunca em sua história. Suas vísceras
foram expostas e a população, com razão, manifestou democraticamente sua
vontade de uma mudança profunda no funcionamento das instituições. A tragédia
do coronavírus não permite qualquer espaço de dúvida na política que possa ser
confundido com omissão.
Sou totalmente
favorável ao adiamento por 2 anos das eleições. Acho que o partido de que sou
presidente nacional, o Progressistas, deveria propor a doação do fundo
eleitoral, que é no valor de R$ 2 bilhões, mais o custo do dia da eleição, que
é de mais R$ 2 bilhões, e já que não vai ter demanda na Justiça Eleitoral, nós
reduziríamos em 50% o valor dos recursos destinados à Justiça Eleitoral, que
atualmente é em torno de R$ 8 bilhões. Ou seja, diminuiria para R$ 4 bilhões.
Se somarmos tudo, teríamos recursos no montante de R$ 8 bilhões para doarmos
para a saúde de nosso país. Seria muito mais importante que termos eleições este
ano.
A tragédia do coronavírus colocou as democracias do mundo todo diante de novos
e conflitantes desafios. O direito sagrado de ir e vir, pilar do ambiente
democrático, precisa ser relativizado temporariamente em nome de algo maior e
muito mais valioso: a vida humana. A sobrevivência da humanidade está acima de
todos os outros valores. Não há civilização sem humanidade. Não há democracia
sem humanidade. Precisamos fazer tudo para preservarmos o maior número de vidas
e, depois dessa pandemia sanitária, fazer de tudo para dar suporte aos
necessitados –dezenas de milhões– que serão duramente atingidos pela pandemia
econômica de um mundo paralisado em todas as suas cadeias produtivas.
A política não pode ficar alheia a isso. Já ficou alheia
demais, por muito tempo, e é hora mais que nunca de estar perto e em sintonia
com seus únicos e verdadeiros donos: os eleitores, a população.
Não fosse o aspecto humanitário de destinar e concentrar o
máximo de recursos possíveis para a única verdadeira prioridade nacional neste
momento, o adiamento das eleições ainda atenderia a outras necessidades
teóricas. Há muito se discute a importância de se unificar o calendário
eleitoral brasileiro, fazendo coincidir todas as eleições, em todos os níveis,
num ano só. A tragédia permite a correção dessa velha e sempre adiada solução.
Também há aspectos da própria dinâmica das eleições, que num ambiente de
pandemia não poderiam ser exercidos na plenitude democrática.
Estamos em plena pré-campanha dos partidos políticos para
divulgação de suas plataformas. Quem prestará atenção a ideários partidários
nesse momento? Ninguém. Os eleitores têm o direito de tirar o seu primeiro
título até 6 de maio. Não poderão fazê-lo porque tudo está paralisado. Como
seriam feitas, em 20 de julho, as convenções partidárias sem a possibilidade de
aglomerações? E a Justiça Eleitoral parada? Reuniões partidárias para discussão
de estratégias: como?
A democracia tem de estar onde está o povo. Tem de permanecer ao seu lado, ser
solidária, com empatia, não pode se isolar. Essa foi a grande lição das crises
que criaram amargor nos eleitores e os fizeram clamar por uma nova política.
Particularmente, como político, não me agrada ver trincado o calendário
eleitoral. Do ponto de vista abstrato do princípio democrático, não é o ideal.
Mas não é hora de abstrações. É hora de entendermos a gravidade do momento e a
excepcionalidade histórica sem precedentes dessa tragédia humana, econômica e
social. Adiar as eleições é o mínimo que nós, políticos, temos de fazer em respeito
aos nossos eleitores, aos seres humanos, aos brasileiros e brasileiras".
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