WHATSAPP LIMITA ENCAMINHAMENTO DE MENSAGENS EM CRISE DO CORONAVÍRUS
A partir de agora, não será mais possível
encaminhar uma mensagem que foi retransmitida diversas vezes a cinco
destinatários, mas apenas a um.
Foto: Allan White/Fotos Públicas
O WhatsApp anunciou nesta terça-feira
(7) que vai limitar o encaminhamento de mensagens no aplicativo para evitar a
propagação de notícias falsas. A medida resulta do cenário de desinformação na
plataforma durante a epidemia do novo coronavírus.
A partir de agora, não será mais
possível encaminhar uma mensagem que foi retransmitida diversas vezes a cinco
destinatários, mas apenas a um.
A mudança vale para as chamadas
"mensagens encaminhadas com frequência", que são rotuladas no
aplicativo com setas duplas. Essas setas indicam que a mensagem não se originou
de um contato próximo.
"Agora, estamos introduzindo um
limite para que essas mensagens possam ser encaminhadas para apenas uma
conversa por vez", diz o WhatsApp.
A empresa afirma ter observado
aumento significativo na quantidade de encaminhamentos, o que "pode fazer
com que os usuários se sintam sob pressão, além de contribuir para a disseminação
de informações erradas".
Esta é a terceira vez que o
mensageiro, que pertence ao Facebook, altera o número de vezes que um conteúdo
pode ser transmitido na plataforma. As mudanças são sempre respostas a crises.
O repasse não tinha limite até ser
reduzido para 20, após um linchamento na Índia (defendido por usuários da
plataforma); no início de 2019, o número caiu para cinco, depois de episódios
de disparos em massa durante as eleições brasileiras em 2018.
Um estudo recente feito em parceria
pelos projetos Eleições sem Fake, do Departamento de Ciência da Computação da
UFMG, e Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP, identificou que
quatro de dez áudios mais compartilhados sobre coronavírus no Brasil são
negacionistas.
O grupo analisou 2.108 áudios que
circularam de 24 a 28 de março, em 522 grupos públicos de WhatsApp, com a
participação de mais de 18 mil usuários ativos.
Os conteúdos têm supostos depoimentos
de médicos e testemunhas que afirmam que os CTIs estão vazios, as funerárias
estão sem corpos e os mortos por acidente estão sendo contabilizados como
vítimas do vírus.
O professor de gestão de políticas
públicas da USP e colunista da "Folha" Pablo Ortellado, um dos
integrantes do estudo, considerou a medida do WhatsApp positiva e mais ágil do
que em relação a episódios de alta circulação de informações falsas.
"Tende a reduzir bastante o
tráfego de conteúdo viral. O WhatsApp agiu mais rápido. Nas eleições de 2018,
foi pego de surpresa; eles haviam recém trocado de direção", diz.
"Agora é uma questão de vida ou morte".
O Facebook também implementou
mudanças em seus outros produtos mais populares, como a rede social e o
Instagram, a fim de conter a disseminação de informação falsa durante a
pandemia. A empresa e o Twitter eliminaram com celeridade publicações de
políticos, como do presidente Jair Bolsonaro, por violarem políticas durante a
crise da Covid-19.
Ortellado defende mais duas medidas
para o WhatsApp: que, por padrão de privacidade, apenas contatos possam incluir
pessoas em grupos (hoje esse recurso não vem por default, precisando ser
alterado de forma manual) e que seja possível diminuir as listas de
transmissão, que hoje alcançam até 255 contatos.
O WhatsApp também afirma que incluiu
em sua versão beta mais recente uma maneira de os usuários descobrirem mais
informações sobre mensagens encaminhadas.
Segundo a empresa, a ideia envolve a
exibição de um ícone de lupa ao lado dessas mensagens frequentemente
encaminhadas, dando aos usuários a opção de realizar uma pesquisa na web, na qual
podem encontrar resultados de notícias.
"Estamos trabalhando diretamente
com ONGs e governos, incluindo a Organização Mundial da Saúde e mais de 20
ministérios nacionais da Saúde, incluindo o do Brasil, para ajudar a conectar
as pessoas com informações precisas", diz a empresa.
Nenhum comentário