PARTIDOS JÁ VÃO ATRÁS DE SERGIO MORO POR ELEIÇÃO EM 2022.
Sergio
MoroImagem:
UESLEI MARCELINO
Estadão conteúdo
Pedro Venceslau, Paula Reverbel e Ricardo Galhardo
São Paulo
Desde que deixou o governo, em 24 de abril, o ex-ministro da Justiça,
Sérgio Moro, já foi procurado por ao menos dois partidos: Podemos e PSL. Embora
seja visto como potencial candidato à Presidência em 2022, o ex-juiz da Lava
Jato tem evitado o assunto.
Analistas
e políticos avaliam que Moro pode quebrar a polarização entre o bolsonarismo e
a esquerda que dominou as últimas eleições presidenciais, já que deve ser
atacado pelos dois lados.
Responsável por condenar o ex-presidente da República Luiz
Inácio Lula da Silva no caso do triplex do Guarujá, Moro acusou Bolsonaro de
interferir politicamente na troca do comando da Polícia Federal (PF).
Ele
já prestou depoimento neste processo, que corre na Procuradoria-Geral da
República (PGR) e em que também é apurado se o ex-magistrado cometeu o crime de
denunciação caluniosa - se essa hipótese se confirmar, os planos políticos
podem ser atingidos.
Os defensores do ex-ministro lembram que, a seu
favor, ele tem apoio de parlamentares, como integrantes da bancada Muda Senado,
defensora do pacote anticrime e da prisão após condenação em segunda instância.
Além disso, ele tem a simpatia de alguns movimentos que pediram o impeachment
da ex-presidente Dilma Rousseff, como o Vem Pra Rua.
Aos partidos que o procuraram, Moro disse que
qualquer movimentação política neste momento seria usada contra ele pelos
bolsonaristas, que já o enxergam como potencial adversário em 2022.
"Ele não quer conversar sobre isso (2022), até
porque seria fornecer munição ao inimigo. Nesse momento de consciência cívica
não estamos pensando em eleição. Mas depois de vencida esta etapa, se houver
interesse dele o partido estará de braços abertos", afirmou o senador
Alvaro Dias (Podemos-PR).
"A ligação dele é mais próxima com o Podemos,
mas o PSL está com a ficha na fila. Sérgio Moro racha esse público bolsonarista
que é anti-esquerda e combate à corrupção", disse o senador Major Olimpio
(PSL-SP), líder do partido no Senado e ex-aliado de Bolsonaro.
Procurado por meio de sua assessoria sobre o
interesse de partidos em filiá-lo, Moro informou que não iria comentar.
Instituto
Chamou atenção do mundo político a criação do
Instituto Rosângela Moro, um mês antes da saída do ex-juiz do governo. A mulher
do ex-juiz descreve a instituição como "organização sem fins lucrativos,
com objetivo de impulsionar projetos de impacto social".
A entidade tem feito ações como doação de
equipamentos de proteção contra a covid-19, sem a participação de Moro.
No perfil do instituto no Instagram, há uma
marcação de outra página, que torce pela candidatura do ex-ministro. O post, de
uma semana atrás, contém uma foto de Moro e a legenda "Obrigado,
#Até2022".
A
reportagem entrou em contato com a entidade, mas não obteve resposta.
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