CÂMARA DERRUBA VETO DE BOLSONARO À DESONERAÇÃO DA FOLHA

 

Presidente vetou dispositivo que prorroga modelo de tributação até 2021. Desoneração contempla 17 setores da economia que empregam mais de seis milhões de pessoas.

Em sessão do Congresso Nacional, os deputados decidiram nesta quarta-feira (4) derrubar o veto do presidente Jair Bolsonaro à prorrogação da desoneração da folha de pagamentos. A matéria ainda será analisada pelos senadores.

Votaram pela derrubada do veto 430 deputados, outros 33 foram contra e houve uma abstenção.

Devido à pandemia, as sessões do Congresso Nacional estão acontecendo de maneira separada. Por isso os deputados votaram o veto de Bolsonaro antes dos senadores, que têm sessão marcada para às 16h desta quarta.

Bolsonaro vetou em julho o dispositivo que prorrogava até o final de 2021 a desoneração da folha de empresas ligadas a 17 setores, entre eles call center, comunicação, tecnologia da informação, transporte, construção civil, têxtil, entre outras.

Atualmente, as empresas desses 17 setores empregam mais de 6 milhões de pessoas.

Apesar de o trecho sobre a desoneração ter sido vetado, a palavra final cabe aos parlamentares. Deputados e senadores podem derrubar o veto do presidente e restabelecer o texto enviado à sanção.

O modelo permite que empresas optem por contribuir para a Previdência Social com um percentual que varia de 1% a 4,5% sobre a receita bruta em vez de recolher 20% sobre a folha de pagamento.

A lei atual estabelece a prorrogação da desoneração até o fim de 2020. Se o Senado confirmar a decisão dos deputados e derrubar o veto, o regime de tributação será prorrogado até o fim de 2021.

A medida foi incluída durante a tramitação de um projeto que instituiu um programa emergencial de manutenção de emprego. Outros pontos dessa lei também foram vetados e ainda serão analisados pelos deputados.

Resistência

A votação foi adiada por vários meses pelo governo, que tentava fechar um acordo para compensar a derrubada do veto, dada como certa.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a sugerir a criação de um novo imposto como contrapartida à prorrogação da desoneração. A proposta gerou repercussão negativa entre parlamentares.

Na semana passada, ele voltou a dizer que, sem a criação de um novo imposto, não poderia levar adiante a discussão sobre desonerar a folha de pagamentos.

Assistência social

Durante a sessão desta quarta, os deputados também votaram para derrubar um veto de Bolsonaro ao dispositivo que desobriga, por quatro meses, estados e municípios de cumprir metas com a União no âmbito do Sistema único de Assistência Social (Suas).

Vetos mantidos

Entre os vetos mantidos está o que barrou a dedução dos rendimentos da ajuda compensatória dada pelas empresas aos trabalhadores domésticos com redução de jornada.

Também foi mantido o veto ao trecho que previa o pagamento de auxílio emergencial para trabalhadores que receberam a última parcela do seguro desemprego entre março e abril de 2020.

Os deputados mantiveram ainda os vetos à lei que criou o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). Um deles tratava do encaminhamento de informações pela Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil ao Banco Central.

Outro veto mantido previa que as instituições financeiras participantes do Pronampe não poderiam considerar a restrição ao crédito para conceder empréstimo.

Os deputados mantiveram ainda os vetos de Bolsonaro a trechos de um projeto que suspendia, durante a pandemia, os efeitos previstos em contratos de dívida em caso de descumprimento de indicadores financeiros ou de desempenho.

O veto 35, que estendia o pagamento do auxílio para o “pai solteiro”, foi retirado da pauta de hoje e será incluído na próxima sessão do Congresso.

Por Meio Norte

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