NÃO VOU DECRETAR LOCKDOWN E MEU EXÉRCITO NÃO VAI OBRIGAR A FICAR EM CASA, DIZ BOLSONARO
Presidente Jair Bolsonaro na Escola de Cadetes do Exército, em
Campinas. (Foto: Carlos Bassan/Prefeitura de Campinas)
Bolsonaro tem feito reiterados ataques a medidas restritivas
e aos governadores, que, por sua vez, têm aumentado a pressão sobre o
presidente.
DANIEL CARVALHO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse
nesta segunda-feira (8) que não usará o que chamou de "meu Exército"
para executar lockdowns ou outras medidas restritivas pelo país para frear o
avanço da covid-19.
"Vou só dar um recado aqui: alguns querem que eu decrete
lockdown. Não vou decretar. E pode ter certeza de uma coisa: o meu Exército não
vai para a rua para obrigar o povo a ficar em casa. O meu Exército, que é o
Exército de vocês. Então, fiquem tranquilos no tocante a isso daí", disse
Bolsonaro ao interagir com apoiadores na porta do Palácio da Alvorada.
A conversa foi registrada e divulgada por um canal simpático ao presidente.
Bolsonaro tem feito reiterados ataques a medidas restritivas e aos
governadores, que, por sua vez, têm aumentado a pressão sobre o presidente
diante da ineficiência do governo federal no combate à pandemia.
"Parece que está voltando a onda, o lockdown. Se coloque no lugar do chefe
de família que não tem o que levar para casa", disse Bolsonaro aos
apoiadores.
Mais cedo, em suas redes sociais, o presidente publicou um vídeo em que um
homem é abordado e discute com policiais militares que o abordaram para que
cumprisse decreto de restrição de circulação em um município que não é
identificado na postagem.
Aos apoiadores, Bolsonaro também ironizou manifesto de religiosos e
intelectuais que assinam a "carta aberta à humanidade" denunciando ao
mundo o que se passa no Brasil.
"O Brasil é uma câmara de gás a céu aberto. É preciso que grupos, instituições
e entidades se manifestem pela vida, contra um genocídio que atinge nosso
povo", disse o padre Júlio Lancellotti, 72, coordenador da Pastoral do
Povo de Rua, um dos que subscrevem o texto.
"Tem um grupo da elite brasileira, de esquerda, me denunciando na ONU,
Tribunal Penal Internacional, como genocida, dizendo que o Brasil é uma câmara
de gás. Um total desrespeito para com os judeus. Não sabem o que que é isso.
Agora, eu pergunto: quem é que obrigou o pessoal a ficar em casa, destruiu milhões
de empregos?", disse Bolsonaro.
Nenhum comentário