MINISTÉRIO DA SAÚDE DIZ QUE HIDROXICLOROQUINA É SEGURA, MAS VACINAS NÃO; NOTA TÉCNICA CONTRARIA OMS E CIENTISTAS
Foto - O Globo |
Nota técnica publicada nesta sexta-feira (21) pelo Ministério da
Saúde contraria
a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a comunidade científica e afirma que
vacinas não têm demonstração de segurança. Na verdade, as vacinas contra a
Covid são internacionalmente reconhecidas como método mais seguro de prevenção
contra a doença. O mesmo documento aponta que a hidroxicloroquina demonstrou segurança como uma tecnologia de saúde para a Covid-19 — o medicamento chegou a ser discutido pelos maiores órgãos de saúde do mundo e, desde março de 2021, a OMS não recomenda oficialmente seu uso para o tratamento ou prevenção do coronavírus. O secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos
Estratégicos em Saúde, Helio Angotti Neto, assina o relatório, utilizado como
base para
rejeitar as diretrizes da Comissão Nacional de Incorporação de
Tecnologias ao Sistema
Único de Saúde (Conitec) de não usar medicamentos do "kit
Covid" para tratamento em pacientes do SUS. Desde de o início dos experimentos das vacinas da Covid-19,
as farmacêuticas e cientistas fizeram estudos de todos os tipos - incluindo
pesquisas de padrão ouro - para confirmar a segurança e eficácia contra a
Covid-19. Todas as vacinas em aplicação no Brasil obtiveram resultados que
comprovaram a segurança para a aplicação e uma boa resposta de anticorpos
contra o coronavírus. No caso da hidroxicloroquina, a discussão começou em 2020 e,
apesar da defesa inicial de alguns cientistas, tanto a OMS, quanto
pesquisadores da área, passaram a não recomendar o uso do medicamento por falta
de evidências científicas e, mais do que isso, a chance de causar algum efeito
adverso grave em pacientes com a Covid-19.
"Temos já muitos estudos bem conduzidos, de qualidade,
mostrando que a hidroxicloroquina não tem eficácia contra a Covid-19. Além dos
estudos em populações que mostram a efetividade das vacinas e sua segurança. E
para somar a isto, temos os números que mostram a redução do número de óbitos
com o avanço da cobertura vacinal. Então, é uma mentira contada pelo próprio
ministério, que ignora a ciência", afirma Letícia Sarturi, mestre em
imunologia pela Universidade de São Paulo e doutora em biociências e fisiopatologia
pela Universidade Estadual de Maringá. As diretrizes da Conitec, aprovadas em maio e dezembro do
ano passado, eram de não usar remédios como a cloroquina, a azitromicina,
a ivermectina e outros medicamentos sem eficácia para tratar a doença – tanto
em ambulatórios (casos leves) como em hospitais, quando o paciente está
internado. Ambas foram rejeitadas pelo ministério. Angotti Neto pontua,
entre os motivos, "incerteza e incipiência do cenário científico diante de
uma doença em grande parte desconhecida". G1 |
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