BEBÊ PREMATURA DE 1 KG VIAJA POR OITO HORAS EM INCUBADORA IMPROVISADA COM BACIA DE PLÁSTICO NO PIAUÍ.
Uma história que parece de filme a jovem Flávia de Sousa
Lira, de 23 anos, viveu durante a gravidez e ao dar à luz sua filha Elisa
Vitória. A menina nasceu com apenas 1 kg, aos seis meses de gestação, e
precisou viajar 8 horas em uma incubadora improvisada com uma boleira, uma
espécie de bacia de plástico. Ela saiu de Baixa Grande do Ribeiro e viajou
quase 600 km, por oito horas, até Teresina.
A mãe contou que inicialmente a menina se chamaria apenas
Elisa, mas o segundo nome, Vitória, a menina ganhou depois de vencer os
desafios que enfrentou tão pequena. A menina nasceu no dia 12 de abril, e o g1
conversou com Flávia sobre o momento nesta terça (26).
Estado de saúde da bebê Elisa surpreende os médicos — Foto:
Arquivo pessoal
Violência doméstica e gravidez de risco
Os desafios começaram antes mesmo de engravidar da menina.
Vítima de violência doméstica do pai da criança, em junho de 2021 ela sofreu um
aborto devido às agressões sofridas. Ao engravidar novamente, desde o início a
gravidez foi considerada de risco.
Ainda assim, a gestação evoluía bem. Contudo, no dia 11 de
abril, começou a sentir dores, apenas aos seis meses de gestação. Ela procurou
um médico, fez uma ultrassom e tudo estava aparentemente normal. Na tarde do
dia seguinte, as dores aumentaram e ela achou que estava sofrendo um novo
aborto.
“Eu achei que a minha filha também não ia sobreviver. Perdi
um filho na barriga há pouco tempo e os médicos falaram que minha gravidez
agora era de risco. Até quando nasceu a Elisa ela teve que lutar. Não consegui
olhar pra ela quando nasceu, pensei que viria morta”, contou a mãe.
Mãe deu à luz sozinha e contou com ajuda do filho de seis
anos para conseguir socorro — Foto: Arquivo pessoal
Filho de seis anos ajudou a mãe
No momento, só estavam em casa ela e seu filho Jonas Gabriel,
de 6 anos, que tinha acabado de chegar da escola. Durante duas horas a mulher
continuou sentindo dor e quando não aguentava mais pediu para seu filho avisar
a alguém e pedir ajuda.
“Ele pegou meu celular e pela foto de perfil reconheceu minha mãe e ligou pra ela. Mas não deu tempo, quando deu 19h eu tive a Elisa, em pé mesmo, e nesse momento uma vizinha entrou na minha casa e me ajudou a segurar a neném”, contou Flávia.
Em estado de choque ainda, Flávia disse que não conseguiu
sequer olhar para a criança, mesmo deitada com ela no colo, porque imaginou que
ela pudesse estar morta. Contudo, com poucos minutos a bebê começou a chorar. A
sensação foi de muito alívio.
Atendimento e transferência
Transferência da bebê Elisa durou cerca de oito horas até
Teresina — Foto: Arquivo pessoal
Depois disso, começou mais uma luta. A equipe médica demorou
30 minutos para chegar à sua casa. De lá, se dirigiram a unidade hospitalar da
cidade, o Hospital Milton Reis, onde os profissionais reconheceram não ter os
equipamentos necessários de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal e
disseram que a bebê precisaria ser transferida para o hospital mais próximo.
A 343 km de distância em uma viagem de mais ou menos 4 horas
ficava o Hospital Regional Tibério Nunes, na cidade de Floriano. Mas por
telefone mesmo os médicos que atendiam Flávia informaram que não havia vaga da
maternidade do hospital e a família precisaria ir até Teresina.
“As coisas iam acontecendo e eu só tentava ser o mais forte
possível. A equipe médica falava comigo toda hora dizendo que estavam tentando
dar um jeito, mas mesmo assim várias coisas passavam pela minha cabeça e ao
mesmo tempo eu só pensava na saúde da minha filha”, explica emocionada Flávia.
A vaga encontrada para Elisa e Flávia foi na Maternidade Wall
Ferraz (Ciamca), no bairro Dirceu, zona sudeste de Teresina. Seriam mais de 8
horas de viagem até a chegada e para isso tiveram que preparar a bebê para que
nenhuma complicação ocorresse.
Incubadora improvisada
Para que Elisa Vitória viajasse com segurança a equipe médica
do Hospital Milton Reis improvisou uma incubadora feita a partir de uma
boleira, recipiente para guardar bolo. Nele foram feitos alguns furos para a
saída de ar e a menina recebeu um tubo de oxigênio.
Além disso, segundo a mãe, a recém nascida também estava
enrolada em papel alumínio e com alguns cobertores para manter a temperatura.
Além dos profissionais da saúde, a tia de Flávia também acompanhou a jovem até
Teresina, mas não pode permanecer como acompanhante.
“A acompanhante da Elisa, que é a paciente, sou eu, então a
maternidade não autorizou a minha tia a ficar. E foi aí que eu fiquei com medo,
mas eu não podia me desesperar. Agora eram apenas eu e minha filha nessa
cidade, ela só tem a mim, então sou forte por ela”, disse Flávia.
A pesar da distância, Flávia afirma que durante a viagem só
se concentrou na sua filha. Quando chegaram a Floriano, a equipe médica checou
como a bebê Elisa estava.
Evolução surpreende
Em situação estável, a viagem continuou. A mãe da recém
nascida disse ao g1 que todos estavam surpresos com o estado de saúde da
menina.
“Meu coração seguiu apertado durante a viagem, mas quando eu
vi que ela ‘tava bem, eu respirei um pouco. Os médicos estavam espantados e
felizes porque a neném seguia estável, ela fez xixi normal e cocô também”,
relatou a mãe.
Há 14 dias, Elisa e a mãe estão no Ciamca. A mãe da bebê
contou que cada novo dia é uma vitória. Elisa reage muito bem aos cuidados
médicos e tem evoluções que surpreendem a própria equipe médica.
Segundo Flávia, quando chegou ao hospital os profissionais da
saúde pediam para que a mãe tivesse muita fé porque toda a situação era
delicada. Com o passar dos dias, os médicos já dizem à Flávia que Elisa é um
milagre.
Mãe já ganhou presente de aniversário
Atualmente, Flávia, que faz aniversário na sexta-feira (29),
conta que seu maior sonho e desejo para o Dia das Mães é voltar para casa com
Elisa e reunir seus três filhos para comemorar. Além da bebê a mãe também tem o
Jonas Gabriel, de 6 anos, e a pequena Esther, de 3 anos.
“Meu coração está a milhão. Eu não vejo a hora de chegar em casa com ela e ter meus filho peUma história que parece de filme a jovem Flávia de Sousa Lira, de 23 anos, viveu durante a gravidez e ao dar à luz sua filha Elisa Vitória. A menina nasceu com apenas 1 kg, aos seis meses de gestação, e precisou viajar 8 horas em uma incubadora improvisada com uma boleira, uma espécie de bacia de plástico. Ela saiu de Baixa Grande do Ribeiro e viajou quase 600 km, por oito horas, até Teresina.
A mãe contou que inicialmente a menina se chamaria apenas
Elisa, mas o segundo nome, Vitória, a menina ganhou depois de vencer os
desafios que enfrentou tão pequena. A menina nasceu no dia 12 de abril, e o g1
conversou com Flávia sobre o momento nesta terça (26).
Estado de saúde da bebê Elisa surpreende os médicos — Foto:
Arquivo pessoal
Violência doméstica e gravidez de risco
Os desafios começaram antes mesmo de engravidar da menina.
Vítima de violência doméstica do pai da criança, em junho de 2021 ela sofreu um
aborto devido às agressões sofridas. Ao engravidar novamente, desde o início a
gravidez foi considerada de risco.
Ainda assim, a gestação evoluía bem. Contudo, no dia 11 de
abril, começou a sentir dores, apenas aos seis meses de gestação. Ela procurou
um médico, fez uma ultrassom e tudo estava aparentemente normal. Na tarde do
dia seguinte, as dores aumentaram e ela achou que estava sofrendo um novo
aborto.
“Eu achei que a minha filha também não ia sobreviver. Perdi um filho na barriga há pouco tempo e os médicos falaram que minha gravidez agora era de risco. Até quando nasceu a Elisa ela teve que lutar. Não consegui olhar pra ela quando nasceu, pensei que viria morta”, contou a mãe.
Mãe deu à luz sozinha e contou com ajuda do filho de seis
anos para conseguir socorro — Foto: Arquivo pessoal
Filho de seis anos ajudou a mãe
No momento, só estavam em casa ela e seu filho Jonas Gabriel,
de 6 anos, que tinha acabado de chegar da escola. Durante duas horas a mulher
continuou sentindo dor e quando não aguentava mais pediu para seu filho avisar
a alguém e pedir ajuda.
“Ele pegou meu celular e pela foto de perfil reconheceu minha mãe e ligou pra ela. Mas não deu tempo, quando deu 19h eu tive a Elisa, em pé mesmo, e nesse momento uma vizinha entrou na minha casa e me ajudou a segurar a neném”, contou Flávia.
Em estado de choque ainda, Flávia disse que não conseguiu
sequer olhar para a criança, mesmo deitada com ela no colo, porque imaginou que
ela pudesse estar morta. Contudo, com poucos minutos a bebê começou a chorar. A
sensação foi de muito alívio.
Atendimento e transferência
Transferência da bebê Elisa durou cerca de oito horas até
Teresina — Foto: Arquivo pessoal
Depois disso, começou mais uma luta. A equipe médica demorou
30 minutos para chegar à sua casa. De lá, se dirigiram a unidade hospitalar da
cidade, o Hospital Milton Reis, onde os profissionais reconheceram não ter os
equipamentos necessários de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal e
disseram que a bebê precisaria ser transferida para o hospital mais próximo.
A 343 km de distância em uma viagem de mais ou menos 4 horas
ficava o Hospital Regional Tibério Nunes, na cidade de Floriano. Mas por
telefone mesmo os médicos que atendiam Flávia informaram que não havia vaga da
maternidade do hospital e a família precisaria ir até Teresina.
“As coisas iam acontecendo e eu só tentava ser o mais forte
possível. A equipe médica falava comigo toda hora dizendo que estavam tentando
dar um jeito, mas mesmo assim várias coisas passavam pela minha cabeça e ao
mesmo tempo eu só pensava na saúde da minha filha”, explica emocionada Flávia.
A vaga encontrada para Elisa e Flávia foi na Maternidade Wall
Ferraz (Ciamca), no bairro Dirceu, zona sudeste de Teresina. Seriam mais de 8
horas de viagem até a chegada e para isso tiveram que preparar a bebê para que
nenhuma complicação ocorresse.
Incubadora improvisada
Para que Elisa Vitória viajasse com segurança a equipe médica
do Hospital Milton Reis improvisou uma incubadora feita a partir de uma
boleira, recipiente para guardar bolo. Nele foram feitos alguns furos para a
saída de ar e a menina recebeu um tubo de oxigênio.
Além disso, segundo a mãe, a recém nascida também estava
enrolada em papel alumínio e com alguns cobertores para manter a temperatura.
Além dos profissionais da saúde, a tia de Flávia também acompanhou a jovem até
Teresina, mas não pode permanecer como acompanhante.
“A acompanhante da Elisa, que é a paciente, sou eu, então a
maternidade não autorizou a minha tia a ficar. E foi aí que eu fiquei com medo,
mas eu não podia me desesperar. Agora eram apenas eu e minha filha nessa
cidade, ela só tem a mim, então sou forte por ela”, disse Flávia.
A pesar da distância, Flávia afirma que durante a viagem só
se concentrou na sua filha. Quando chegaram a Floriano, a equipe médica checou
como a bebê Elisa estava.
Evolução surpreende
Em situação estável, a viagem continuou. A mãe da recém
nascida disse ao g1 que todos estavam surpresos com o estado de saúde da
menina.
“Meu coração seguiu apertado durante a viagem, mas quando eu
vi que ela ‘tava bem, eu respirei um pouco. Os médicos estavam espantados e
felizes porque a neném seguia estável, ela fez xixi normal e cocô também”,
relatou a mãe.
Há 14 dias, Elisa e a mãe estão no Ciamca. A mãe da bebê
contou que cada novo dia é uma vitória. Elisa reage muito bem aos cuidados
médicos e tem evoluções que surpreendem a própria equipe médica.
Segundo Flávia, quando chegou ao hospital os profissionais da
saúde pediam para que a mãe tivesse muita fé porque toda a situação era
delicada. Com o passar dos dias, os médicos já dizem à Flávia que Elisa é um
milagre.
Mãe já ganhou presente de aniversário
Atualmente, Flávia, que faz aniversário na sexta-feira (29),
conta que seu maior sonho e desejo para o Dia das Mães é voltar para casa com
Elisa e reunir seus três filhos para comemorar. Além da bebê a mãe também tem o
Jonas Gabriel, de 6 anos, e a pequena Esther, de 3 anos.
“Meu coração está a milhão. Eu não vejo a hora de chegar em
casa com ela e ter meus filho perto, ter minha mãe, minha família. Completo ano
daqui a três dias e o meu presente eu já ganhei: a vida da minha Vitória. Eu só
tenho gratidão. Porque o que Deus fez na minha vida, um milagre acontecer na
minha vida, e ter me dado essa oportunidade de viver esse milagre eu só tenho a
agradecer”, afirma Flávia.
Fonte G1 Piauírto, ter minha mãe, minha família. Completo ano
daqui a três dias e o meu presente eu já ganhei: a vida da minha Vitória. Eu só
tenho gratidão. Porque o que Deus fez na minha vida, um milagre acontecer na
minha vida, e ter me dado essa oportunidade de viver esse milagre eu só tenho a
agradecer”, afirma Flávia.
Fonte G1 Piauí
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