A CADA 3 HORAS, EM MÉDIA, UM PIAUIENSE PEDE AFASTAMENTO DO TRABAHO POR PROBLEMA MENTAL.
Conforme o Ministério da Previdência Social, 3.238 profissionais no estado precisaram se afastar
Uma mulher de 41 anos, diagnosticada com ansiedade, é o perfil mais comum entre os trabalhadores piauienses afastados do emprego por transtornos mentais em 2024. Conforme dados do Ministério da Previdência Social, 3.238 profissionais no estado precisaram se afastar por problemas psicológicos – o equivalente a um afastamento a cada três horas, em média. Na maioria dos casos, esses trabalhadores passaram até três meses longe do serviço, recebendo cerca de R$ 2 mil de benefício.

O levantamento, obtido pelo G1, revela que a ansiedade foi a principal causa dos afastamentos, responsável por quase 910 registros. Em seguida, aparecem os casos de depressão (825), depressão recorrente (533), transtorno bipolar (395) e esquizofrenia (206). Outros motivos incluem dependência química, como vício em drogas (112) e alcoolismo (83), além de reações ao estresse grave e transtornos de adaptação (88). Transtornos psicóticos (48) e transtornos esquizoafetivos (41) também foram registrados.
O aumento dos afastamentos por transtornos mentais reflete um problema crescente no mercado de trabalho. Especialistas apontam que a alta carga de estresse, a insegurança profissional e a pressão por produtividade são alguns dos fatores que contribuem para esse cenário. No Piauí, o setor de serviços lidera os registros de afastamento, seguido pela administração pública e pelo comércio.
O psicólogo Eduardo Moita, durante entrevista ao canal de TV pela internet, explica que a pandemia acelerou o crescimento dos transtornos mentais no ambiente corporativo, mas o problema já vinha se desenhando há anos. "A cobrança excessiva, a falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional e a dificuldade de acesso a tratamentos adequados são fatores que impulsionam os casos de afastamento", destaca.
Diante desse cenário, empresas e órgãos públicos buscam estratégias para reduzir o impacto da saúde mental no ambiente de trabalho. Iniciativas como programas de apoio psicológico, jornadas mais flexíveis e políticas de bem-estar têm sido adotadas, mas especialistas alertam que ainda há muito a ser feito.
Enquanto isso, trabalhadores que enfrentam transtornos mentais continuam a lutar por melhores condições e pelo reconhecimento da importância da saúde psicológica no mercado de trabalho. Os dados mostram que, no último ano, os transtornos mentais chegaram a uma situação incapacitante como nunca visto, evidenciando que o país vive uma crise de saúde mental, com impacto direto na vida de trabalhadores e de empresas.
O benefício é concedido pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) quando o trabalhador precisa se afastar por mais de 15 dias. Para isso, é preciso passar por uma perícia médica, na qual é declarada qual doença justifica a licença. Em 2024, foram 3,5 milhões pedidos de licença no INSS motivados por várias doenças. Desse total, 472 mil solicitações foram atendidas por questões de saúde mental, o maior número em uma década.
CONECTAPIAUÍ
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