MÉDICAS ESTÃO MAIS SUSCETÍVEIS; ALERTA PRES. DO SIMEPI SOBRE AGRESSÕES NO PIAUÍ.

Após o caso de agressão a uma médica em serviço na cidade de Bom Jesus, o Sindicato dos Médicos do Estado do Piauí (Simepi) voltou a cobrar medidas urgentes para garantir a segurança de profissionais da saúde no exercício da função. Durante entrevista a TV Cidade Verde, representantes da entidade alertaram para o aumento dos casos e reforçaram que a violência tem atingido com mais frequência as mulheres médicas.

“Hoje é fato: nós, mulheres, somos a maioria na profissão médica. E isso é uma constatação mesmo, estatisticamente, que as mulheres sofrem maiores agressões”, afirmou a presidente do sindicato, Lúcia Santos.

Segundo ela, além da pressão inerente ao atendimento em serviços de urgência e emergência, médicas ainda enfrentam situações de violência física e verbal. “Isso nos preocupa porque a mulher tem sua competência, tem sua expertise, e tem sim uma delicadeza e um jeito diferente de fazer as coisas, mas isso não pode de maneira nenhuma representar como uma fraqueza”, disse.

Impactos na saúde mental

O vice-presidente do sindicato, Samuel Rego, que também é médico psiquiatra, reforçou que os casos de violência têm gerado impactos diretos na saúde mental dos profissionais.

“O médico já vive num nível de estresse muito elevado pela própria característica da sua profissão, que lida entre a vida e a morte. E, somando a isso a insegurança no trabalho, o adoecimento mental tem se tornado mais frequente: burnout, ansiedade e depressão”, explicou.

Ele também apontou a responsabilidade dos gestores públicos. “A raiva pelo caos na saúde pública não deve ser descontada no médico. O responsável é o gestor. E infelizmente, eles ainda estão muito passivos diante dessa situação”, disse.

Propostas para curto prazo

Para o diretor do Simepi, Renato Leal, são necessárias medidas imediatas para evitar novos episódios. “Precisamos de guarda armada permanente nas unidades, câmeras interligadas à PM, botão de pânico nos consultórios, climatização e condições físicas adequadas. Tudo isso contribui para reduzir a tensão nos ambientes”, declarou.

Ele destacou ainda a importância do conforto dos pacientes para prevenir agressões. “Imagina a pessoa doente, sentada em cadeira desconfortável, num ambiente quente, esperando horas. Só isso já causa revolta. Isso não justifica, mas explica parte do problema”, disse.

Violência é acidente de trabalho, diz advogado

O assessor jurídico do sindicato, Rafael Fonseca, explicou que a agressão contra médicos em serviço configura crime e acidente de trabalho. “Ela [a médica agredida] foi vítima de lesão corporal, desacato e crime contra a honra. O Simepi já interveio para que ela não seja mais obrigada a atender a agressora e está atuando para responsabilizar a paciente criminalmente”, afirmou.

Ele também reforçou que a responsabilidade pela segurança é do empregador, seja público ou privado. “A Lei 8.080 garante não só o acesso à saúde, mas a segurança dos profissionais. O médico que sente medo no trabalho pode comprometer a assistência à população. Não há justificativa para agressão”.

Segundo o Simepi, o aumento de casos tem preocupado a categoria em todo o estado. “A violência contra o médico não afeta apenas o profissional, mas compromete todo o atendimento. A médica agredida está abalada física e emocionalmente. Quem perde é a população”, reforçou Lúcia Santos.

Ela encerrou a entrevista fazendo um apelo. “Procurem o sindicato. Estamos atentos e não vamos poupar esforços. Quem agredir um médico vai enfrentar os rigores da lei”.

Foto: Renato Andrade / Cidadeverde.com

 CidadeVerde.com

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