CIDADE SEM CARROS | BICILÂNCIA E VIATURA DE BIKE NO PARÁ

Em Afuá, no Arquipélago do Marajó, veículos motorizados não circulam e bicicletas assumem funções de ambulância, viatura e até de combate a incêndios

No município, localizado no Arquipélago do Marajó, veículos motorizados são proibidos, e as bicicletas exercem até os papéis mais improváveis.
Um vídeo que mostra uma ambulância e uma viatura policial em versão bicicleta viralizou nas redes sociais nesta semana, revelando o cotidiano inusitado e totalmente funcional da cidade de Afuá, no interior do Pará.

No município, localizado no Arquipélago do Marajó, veículos motorizados são proibidos, e as bicicletas exercem até os papéis mais improváveis: de patrulha policial a transporte de pacientes.

Nas imagens que circulam nas redes sociais, uma pessoa é transportada de maca por uma bicicleta adaptada, num modelo conhecido localmente como “bicilância”.

Em seguida, uma mulher algemada aparece na garupa de uma bicicleta conduzida por um policial militar, enquanto outra “viatura-bike” acompanha o trajeto.
Veja as cenas abaixo:

Apesar de surpreender pessoas de outras regiões, essa realidade é comum para os cerca de 39 mil habitantes de Afuá. O município, com ruas de madeira suspensas e acesso fluvial, é um dos poucos do Brasil onde veículos automotores são proibidos.


A medida visa preservar o ecossistema local e o modo de vida da população ribeirinha. “Aqui é bem mais saudável do que muitas cidades por aí, em vários sentidos. A gente aciona e a bicilância ou a polícia chegam rápido.”, conta Rafael Oliveira, morador da cidade.
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A rotina de trabalho com bicicletas se estende até o setor de emergência. Leno Moraes, subdiretor da brigada de combate a incêndio de Afuá, explica como a equipe atua em diversas ocorrências, todas feitas sob duas rodas.

“Nosso cotidiano é tranquilo porque a cidade é pacata, mas quando somos acionados, já sabemos o que fazer. Se for trauma, fratura, sangramento ou parto, vamos direto com a bicilância”, relata.

Quando se trata de incêndios, a estratégia é ainda mais criativa. “A gente puxa água direto do rio. Temos uma lancha com uma bomba potente acoplada a um motor. Como a cidade é cercada por água, levamos a embarcação até o ponto mais próximo do sinistro. Um carrinho de mão transporta parte do equipamento, e o restante vai nas bicicletas. A gente percorre bastante quilômetro pedalando para atender a população”, detalha Leno.

Com sua paisagem que lembra uma “Veneza amazônica”, a cidade atrai turistas por sua singularidade e serve de exemplo de mobilidade sustentável e adaptação urbana.

Além das viaturas e ambulâncias-bicicleta, até o transporte escolar e os serviços de coleta de lixo são feitos com bicicletas adaptadas.

Afuá também realiza eventos ciclísticos como parte do calendário cultural local — uma celebração à mobilidade leve, que move toda a cidade.

CNN

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