'DE SACO CHEIO DE MANDETTA', BOLSONARO ESTUDA DEMITI-LO A QUALQUER MOMENTO
O
presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em
coletiva sobre o coronavírus no BrasilImagem: Pedro Ladeira/Folhapress
Tales Faria
Colunista do UOL
O presidente Jair Bolsonaro tem
dito aos auxiliares mais próximos que está "de saco cheio de
Mandetta", ou seja, do seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
Bolsonaro só não o demitiu até agora para evitar
agudizar a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus.
O presidente tem-se sentido abandonado por uma
parte do empresariado que o apoiou nas eleições de 2018. Ele teme que a
demissão de Mandetta se transborde num rompimento definitivo com esse grupo e a
parcela da opinião pública que representa.
Mas, de qualquer forma, Bolsonaro já até escolheu
um sucessor para o lugar do ministro da Saúde. Trata-se do presidente da
Anvisa, Antonio Barra Torres, que é médico da Marinha.

Mandetta tem dito que não abandonará
"critérios técnicos" no estabelecimento, pelo Ministério da Saúde, de
regras para o combate e a prevenção do coronavírus.
Segundo o jornal o Estado de S.Paulo, o ministro
deixou claro ao presidente que não pedirá demissão. Ou seja, jogará toda a
responsabilidade por seu afastamento sobre os ombros do presidente.
Enquanto o impasse persistir, Bolsonaro pretende
continuar afrontando publicamente as orientações do ministro, como o
distanciamento social. Fez isso neste domingo, quando saiu às ruas de Brasília
para visitar lojas e confraternizar com a população.
Será uma forma de fritura do auxiliar que não quer
pedir demissão e a quem o presidente atribui o vazamento das conversa entre os
dois.
A irritação de Bolsonaro se estende ao partido de
Mandetta, o DEM, que tem outros dois ministros no governo, Tereza Cristina (Agricultura)
e Onyx Lorenzoni (Cidadania), também difíceis de serem demitidos.
Onyx, porque é amigo pessoal do presidente e um dos
primeiros políticos a apoiar a candidatura de Bolsonaro ao Planalto, Tereza
Cristina, porque tem amplo apoio dos ruralistas, base eleitoral do presidente,
e faz um trabalho que o próprio Bolsonaro classifica como "de primeira
qualidade".
Além de Mandetta, Bolsonaro está irritado com o
presidente nacional do DEM, o prefeito de Salvador ACM Neto, que tem criticado
publicamente a atuação do mandatário do Planalto na crise.
Em entrevista ao UOL, o presidente do DEM declarou
que Jair Bolsonaro ofendeu famílias da vítimas da pandemia.
Outro demista que Bolsonaro considera tê-lo
"traído" é o governador de Goiás, Ronaldo Caiado. Bolsonaro tem dito
que deu "total apoio" ao governador desde o início do governo e agora
Caiado se nega a aceitar o pedido de suspender as regras de distanciamento
social impostas no estado.
Caiado
convocou neste domingo entrevista coletiva de imprensa em que reafirmou que
Goiás "continuará seguindo as recomendações da Organização Mundial de
Saúde" e que discorda frontalmente do posicionamento de Bolsonaro.
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