RODRIGO MAIA SOFRE MAIOR ATAQUE DO ANO NAS REDES SOCIAIS
FONTE: ESTADÃO CONTEÚDO
Após ser alvo de críticas do presidente Jair Bolsonaro na noite de
anteontem, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sofreu
o maior ataque do ano a suas redes sociais. Apenas no Twitter, 238 mil perfis publicaram
1,6 milhão postagens contra o parlamentar nos últimos dois dias.
Segundo levantamento feito pela consultoria Bites, que considerou o uso
da hashtag (palavra-chave) #ForaMaia das 21h de quinta-feira às 18h de ontem, a
soma dos ataques bolsonaristas no Twitter equivale a 71% de tudo o que se falou
de negativo sobre o parlamentar na rede social em 2020. Isso levou a hashtag ao
topo das frases mais mencionadas no Twitter.
Anteontem, Bolsonaro afirmou que a atuação de Maia era “péssima” e
insinuou que o deputado trama contra seu governo. “O sentimento que eu tenho é
que ele não quer amenizar os problemas Ele quer atacar o governo federal,
enfiar a faca. Parece que a intenção é me tirar do governo. Quero crer que
esteja equivocado”, disse o presidente à rede de TV CNN.
Maia reagiu dizendo que não iria atacar Bolsonaro. “O presidente não vai
ter ataques (de minha parte). Ele joga pedras e o Parlamento vai jogar flores”,
afirmou, também à CNN. No mesmo dia, junto ao presidente do Senado, Davi
Alcolumbre (DEM-AP), ele divulgou uma nota em defesa de Mandetta e dizendo que
sua saída não é positiva e será sentida por todos.
Deputados
Os ataques a Maia também partiram dos próprios parlamentares. Foram
mapeadas 29 postagens contra ele no Twitter, Instagram e Facebook, com um
alcance total de 323 mil interações. O recordista foi o deputado Eduardo
Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente. Em publicação no Facebook em que
reproduz entrevista em que o presidente confronta Maia, o filho do presidente
conseguiu 53 mil interações. Outro ataque partiu da deputada Alê Silva
(PSL-MG), que atingiu 7,6 mil curtidas as escrever que Maia ataca a economia
para desestabilizar o governo.
De acordo com a consultoria Bites, parlamentares do PT e o deputado
Alexandre Frota (PSDB-SP) foram os mais enfáticos na defesa do presidente da
Câmara. Até pouco tempo aliado do presidente, Frota afirmou que Maia “foi
espancado pelo Bolsonaro, mas não caiu no conto do vigário”. “Agora, Rodrigo,
você tem nas mãos nossos pedidos de impeachment”, escreveu o deputado em sua
conta no Twitter. O líder do PT na Câmara, deputado Enio Verri, disse que a
acusação de Bolsonaro contra Maia é uma afronta à sociedade.
O cientista político Humberto Dantas, head de Educação do Centro de
Liderança Pública (CLP), afirma que a Justiça deverá fazer uma varredura nos
ataques bolsonaristas nas redes sociais. “Existe a ideia de que grande parte
desses perfis é composta por robôs, além de uma consciência da existência de um
gabinete do ódio no Planalto. Se isso estiver sendo feito com dinheiro público,
é criminoso e precisa ser punido.”
Alvo da CPMI das Fake News no Congresso, o chamado “gabinete do ódio” é
um núcleo ideológico do governo, do qual Carlos Bolsonaro faria parte, que tem
ganhado espaço durante a crise do coronavírus.
A demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, apesar de
colocada como a razão do embate entre Maia e Bolsonaro, não é o principal
motivo das desavenças, segundo Dantas. “O pano de fundo é a Câmara ter aprovado
o pedido de entrega do exame da covid-19 do presidente em 30 dias. Esse, sim,
foi um dos maiores ataques do Legislativo ao Executivo neste mandato e que pode
levar a um crime de responsabilidade”, afirma o analista.
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