EM CIDADE DO PIAUÍ, MÉDICA DE UBS LEVA IDOSO COM SINTOMAS DE COVID-19 DENTRO DO PRÓPRIO CARRO ATÉ HOSPITAL QUE NÃO O ATENDEU POR FALTA DE PROFISSIONAL


Uma médica da Unidade Básica de Saúde (UBS) Valdinar Pereira, no bairro Mocambinho, Zona Norte de Teresina, teve que levar dentro do próprio carro um idoso, com sintomas de Covid-19 que precisava de oxigênio. O idoso, em estado grave, passou por uma saga até conseguir atendimento.
Fonte: G1 PI


Desesperada, a família do paciente procurou a UBS após o idoso não ser atendido no hospital do bairro, credenciado à rede estadual de saúde, porque no local não havia no momento um profissional especializado para tratar Covid-19. Sem receber atendimento no hospital, o idoso acabou passando mal.
O caso aconteceu no último sábado (27). O idoso não conseguiu atendimento médico no Hospital do Mocambinho. Lá não havia profissionais de saúde na área destinada a atender pessoas com sintomas da doença provocada pelo novo coronavírus. A Secretaria de Saúde do Piauí (Sesapi) informou ao G1 que houve um erro na escala de médicos para o Hospital do Mocambinho, mas a falha já foi corrigida.
Então, a família do paciente o levou para uma UBS mais próxima, onde o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi acionado para o transporte. Contudo, diante da gravidade do caso, a médica plantonista da unidade decidiu levar o idoso de volta para o hospital, onde não tinha profissionais de Covid-19, e o atendê-lo.
Em entrevista ao G1, a coordenadora da UBS Valdinar Pereira, Joana Castelo Branco, informou que o idoso chegou até a unidade em estado grave. Ao sair do carro, segundo o profissional, o idoso passou mal e foi ajudado pela equipe médica.
“Nós recebemos o paciente que vinha de dois hospitais. O primeiro foi na Santa Maria da Codipi e, em seguida, ele foi para o do Mocambinho. Porém, nesse último não tinha médico na área Covid-19. Tinha médico no hospital, mas não na área Covid”, explicou Valdinar Pereira.
“Então, ele veio para nossa unidade e a saturação dele estava baixa, cerca de 70. Teve um momento que ele passou mal antes de sair do carro e a médica Andreia, o técnico de enfermagem e todo mundo ajudou”, completou a diretora.

Paciente necessitava de oxigênio

O paciente necessitava de oxigênio, porém, o material é encontrado apenas em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e nos hospitais. Desse modo, os profissionais de saúde acionaram o Samu, mas a médica plantonista decidiu levá-lo por conta própria para o Hospital do Mocambinho, onde o atendeu.
“Em unidades básicas de saúde não há oxigênio. Somente nas UPAs e hospitais. Nós chamamos o Samu Avançado, inclusive não demorou. Só que o paciente estava precisando de oxigênio urgentemente. Então, a médica o levou para o hospital do Mocambinho. Ela foi pelo fato de não ter médico lá”, relatou a coordenadora.
A Fundação Municipal de Saúde (FMS) emitiu uma nota de esclarecimento sobre o atendimento do idoso na UBS Valdinar Pereira. Segundo a entidade, “após análise, a médica avaliou que não haveria tempo hábil para esperar, e tomou dentro de seu juízo clínico e que o paciente foi atendido com o devido zelo”.

Confira a nota da FMS

A Fundação Municipal de saúde esclarece que possui 25 Unidades Básicas de Saúde, com funcionamento entre 7h às 19h para atendimento exclusivo de síndromes gripais. Estas unidades dispõem de equipes completa, com médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e outros profissionais, todos treinados para atendimento de casos leves. Para casos graves de síndrome gripal, Teresina dispõe de 10 unidades hospitalares.
A direção do hospital Mariano Castelo Branco informa que a referida paciente foi recebida, passou pela classificação de risco e estava aguardando internação, porém a família preferiu não esperar e se dirigiu para outra unidade hospitalar que não era de gestão municipal. Diante da falta de médicos na área covid deste hospital, a família se dirigiu à UBS do Mocambinho, quando o correto, dado as condições da paciente, seria procurar outra unidade hospitalar.
A UBS então procedeu de acordo com a conduta para este tipo de caso grave, que é acionar o SAMU para encaminhamento para uma unidade hospitalar. No entanto, após análise a médica avaliou que não haveria tempo hábil para esperar, e tomou dentro de seu juízo clínico a iniciativa de deslocar a paciente em carro próprio para o hospital mais próximo com o suporte necessário para o atendimento de casos graves enquanto aguardavam a ambulância do SAMU. A FMS informa que a paciente foi atendida com o devido zelo, identificando a urgência da situação e tomando as atitudes necessárias para evitar que o caso se agravasse.



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