LUZ E COMBUSTÍVEIS MAIS CAROS TERÃO EFEITO CASCATA ATÉ A MESA DAS FAMÍLIAS.
Inflação vai continuar pesando no bolso das famílias (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Reajustes já anunciados devem refletir em toda cadeia produtiva, desde o custo das empresas até a mesa dos consumidores
A variação de 0,53% da inflação oficial em
junho foi menor do que a esperada para o mês, mas ainda não é motivo para
comemoração por parte dos consumidores, já que os reajustes das contas de
energia elétrica e dos combustíveis voltarão a pesar no bolso neste mês de
julho.
As previsões apontam para o chamado “efeito cascata” a partir
dos aumentos já anunciados. A movimentação passa por toda a cadeia produtiva,
desde o custo das empresas ao fabricar os bens até a mesa das famílias.
Já neste mês, as contas de luz seguirão com a bandeira
vermelha patamar 2, com o diferencial de que o custo adicional para
cada 100 Kw/h (quilowatt-hora) consumidos será de R$ 9,49, valor 52%
superior ao cobrado em junho.
“A energia mais cara vai afetar vários setores estratégicos
que são muito dependentes, o que pode favorecer o aumento de preço de bens
duráveis, como carros, roupas e alimentos. A indústria alimentícia é muito
dependente de energia, principalmente para refrigeração”, explica André Braz,
economista do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio
Vargas).
Na última segunda-feira (5), houve ainda o anuncio da
Petrobras de que a gasolina, o diesel e o gás de cozinha ficarão mais
caros devido à valorização dos preços do petróleo no mercado
internacional.
“O diesel mais caro pode encarecer o frete do transporte
rodoviário, o que pode causar vários efeitos indiretos em produtos que a gente
consome no dia a dia”, analisa Braz ao prever que os impactos trazidos pelos
aumentos devem levar o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) próximo de
1%, o que representará uma variação de quase 9% no índice acumulado em 12
meses.
O analista sênior da Control Risks para o Brasil, Mário
Braga, aponta que o cenário tende a afetar principalmente os mais pobres,
elevar a inadimplência e até mesmo frear o processo de recuperação da economia
nacional.
“Se a queda no consumo das famílias se concretizar, as
empresas devem se deparar com um cenário de retomada menos forte que
inicialmente antecipado, e terão que adaptar suas operações para este novo
panorama”, alerta Braga.
Até o momento, os combustíveis veiculares (+26,7%) aparecem
como os principais responsáveis pela inflação em patamares mais elevados
no primeiro semestre. A capa de “vilões” do índice oficial de preços surge após
altas significativas do etanol (35,7%), do gás veicular (27,3%), da gasolina
(25,6%) e do óleo diesel (24,6%) no período.
Fonte: R7
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